terça-feira, 25 de novembro de 2008

O MÉDICO, O PSICOLOGO E O PASTOR

Noto que, algumas vezes, surge certo constrangimento entre pessoas religiosas e profissionais da saúde mental. É que muitos crentes acham difícil de enxergar uma conciliação entre a Psicologia Clínica e a Fé em Jesus Cristo. Imagino que isso seja, basicamente, fruto do desconhecimento sobre essa ciência da saúde, e de uma série de preconceitos e enganos resultantes desse desconhecimento.
Algumas pessoas têm em mente que o psicólogo é uma espécie de professor, ou conselheiro, e seus ensinamentos e conselhos sobre a alma humana podem afastar as pessoas de seu crescimento espiritual na Fé Cristã. Este é um grande engano que precisa ser esclarecido, pois mesmo os psicólogos ateus são proibidos por lei, pelo Código de Ética Profissional, em interferir na vida espiritual de seus pacientes.
O psicólogo não aconselha, não ensina e não interfere na fé do paciente. Dar conselhos é papel da família e dos amigos; ensinar é papel dos professores; e intervir na vida espiritual é tarefa dos pastores. Nós não somos nem amigos, nem professores, nem pastores: somos profissionais da saúde mental.
O segundo ponto é a utilização da palavra “alma”, que é um sinônimo de “PSIQUISMO”, ou “MENTE”, e não de espírito. A alma é o conjunto de pensamentos, sentimentos e ações, criados pelo cérebro e todo sistema nervoso (nervos) e endócrino (hormônios). O psicólogo não intervém no espírito do paciente, mas apenas em sua alma, ou psiquismo.
A alma, em linguagem religiosa, pertence à “carne” – assim como o corpo – e não ao campo espiritual. Toda vez que um psicólogo falar de “alma” não está falando do mundo sobrenatural, mas sim de processos gerados pelos sistemas nervoso e endócrino, especificamente: percepções, pensamentos, representações, sentimentos, emoções e comportamento – limitado ao tempo de vida terrena da pessoa. Nada além disso.
Assim como o médico intervém na saúde do corpo e o dentista na saúde da boca, o psicólogo intervém na saúde da alma (psiquismo, ou mente). Eu costumo comparar que o que o psicólogo faz com a alma (pensamentos e sentimentos) é semelhante ao que um fisioterapeuta faz com o corpo de seus pacientes: através de exercícios, recupera o equilíbrio, a posição correta e trata dores e machucaduras; mas o fisioterapeuta faz isso com técnicas semelhantes a exercícios físicos e massagens (entre outros), enquanto o psicólogo trata a mente de seus pacientes por uma técnica semelhante a uma conversa, que é chamada “psicoterapia”. As técnicas psicoterápicas já possuem 100 anos de comprovação científica de serem eficientes para tratar diversos problemas emocionais, comportamentais e de relacionamento.
O psicólogo clínico é um profissional da saúde especializado em tratar inadequações, distúrbios e mal-estares ligados ao pensamento, afetos e comportamento. Além desses problemas, o psicólogo também pode auxiliar a pessoa sem maiores transtornos a conhecer melhor a si mesmo, de maneira a melhorar sua relação com as pessoas à sua volta e consigo, fazer melhores escolhas e ampliar sua qualidade de vida.
Logicamente que a esfera espiritual interfere na esfera psíquica e corpórea. A própria Ciência já comprovou isso: uma vida espiritual equilibrada auxilia a prevenir e a curar doenças mentais e físicas. O oposto também é verdadeiro: pessoas com uma vida espiritual desequilibrada estão mais sujeitos a doenças físicas e psíquicas.
É pensando nisso tudo que eu defendo a interdisciplinaridade, que é o trabalho em conjunto de diversas especialidades diferentes. Um psicólogo, ou um médico, ou outro especialista, sozinhos, pouco podem fazer. No entanto, quando colaboram entre si em favor do paciente, o médico se responsabiliza pela parte orgânica e medicamentos, o psicólogo pela parte psicoterapêutica, e o pastor pelo crescimento espiritual do paciente, e quem sai ganhando é a pessoa em tratamento. É como diz nas Sagradas Escrituras:
" O Cordão de Três Dobras dificilmente se rompe.." (Ec 4:12).
Vejo o ser humano como um cordão de três dobras: espiritual, psíquico e físico. Somos uma trindade, à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:27), sendo corpo, alma e espírito(1Ts 5:23). Embora minha ciência (a Psicologia) se especialize em apenas uma dessas facetas humanas (o psíquico), não posso ignorar que meus pacientes precisam de cuidados em suas outras duas (corporal e espiritual). Portanto, conto com a colaboração de outros profissionais da saúde (médicos, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, etc) para atender ao meu paciente em seus aspectos corpóreos, assim como conto com toda a estrutura das igrejas (pastores, presbíteros, obreiros, evangelistas, etc) para atendê-los no que diz respeito ao campo espiritual.
Tenho plena Fé que em Jesus Cristo está a cura de todos os males, sejam eles físicos, psíquicos ou espirituais (Mt 8:17). Mas também acredito que os profissionais da saúde, como psicólogos e médicos, podem servir de instrumentos de cura. Assim como Lucas, o evangelista, que era um profissional da saúde. Ou como Paulo, Moisés, entre outros, que tinham vasto conhecimento científico, e nem por isso deixaram de ser instrumentos nas Mãos de Deus.
Cabe a todos os profissionais da saúde, de todas as áreas, reconhecerem que a formação científica que recebemos são bênçãos de Deus para as nossas vidas, para que sirvamos ao nosso próximo segundo nossa ciência e ofício de curar. E, acima de tudo, que somos meros instrumentos do Poder de cura Nosso Senhor Deus, e que sem Ele toda nossa ciência é inútil.
Cabe também às autoridades espirituais constituídas (pastores, ministros, etc) também não sobrecarregar suas ovelhas com cargas pesadas (Lc 11:46), muitas vezes proibindo de buscar auxílio profissional por preconceito e desconhecimento.
Fomos criados em corpo, alma e espírito pela graça de Nosso Deus. Grande progresso há para a qualidade de vida das pessoas quando médicos, psicólogos e pastores colaboram entre si, cada um em suas respectivas especialidades, para ser um instrumento da vida em abundância (Jo 10:10) que veio trazer Jesus - o Médico dos médicos, Psicólogo dos psicólogos e Pastor
dos pastores.
Autor:
Psic. Danielson B. Warpechowski
Recebido por e-mail

sábado, 8 de novembro de 2008

TEMOS QUE DIZER NÃO! É PRECISO!

Queridos irmãos, segue um texto muito interessante, não deixem de ler!
ARTIGO PUBLICADO NO JB, DA DRª MARIA ISABEL, PROFESSORA DE PSICOLOGIA, DENOMINADO DE "O NÃO NÃO DE ELOÁ".
UM ALERTA PARA OS PAIS!!!
Criando um Monstro!
O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por... Nada? Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes? O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante. Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único... Faltaram muitos outros nãos nessa história toda. Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida. Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador converssasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim.
NÃO.... Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça. O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos (e alguns maridos, temem dizer não às esposas). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras. Chefes que não dizem não aos subordinados. Gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal. Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes.
Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer:
Não, você não pode bater no seu amiguinho.
Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos.
Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei.
Não, você não vai passar a madrugada na rua.
Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação.
Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos.
Não, essas pessoas não são companhias pra você.
Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate.
Não, aqui não é lugar para você ficar.
Não, você não vai faltar na escola sem estar doente.
Não, essa conversa não é pra você se meter.
Não, com isto você não vai brincar.
Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá (e a vida dá muitos) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante. Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara. Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora e tento respeitar também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.
Material recebido por e-mail.